Da chamada Carta de Barnabé* (Séc.II)
O caminho da luz
Eis o caminho da luz: se alguém deseja chegar a determinado lugar, que se esforce por seu modo de agir. Foi-nos dado saber como andar por este caminho: amarás quem te criou.
Serás simples de coração e rico no espírito; não te juntarás aos que andam pelo caminho da morte.
Terás aversão por tudo quanto desagrada a Deus; odiarás toda simulação; não desprezes os mandamentos do Senhor.
Não te exaltes a ti mesmo, sê humilde em tudo; não procures tua glória. Não trames contra teu próximo; não te entregues à arrogância.
Ama teu próximo mais do que a tua vida. Não mates o feto por aborto, nem depois do nascimento.
Não retires a mão de teu filho ou de tua filha e, desde a infância, ensina-lhes o temor do Senhor. Não cobices os bens de teu próximo nem sejas avaro; não te unas de coração aos soberbos, mas sê amigo dos humildes e justos.
Tudo quanto te acontecer, recebe-o como um bem, sabendo que nada se faz sem Deus. Não sejas inconstante nem usarás duplicidade no falar; na verdade, é laço de morte a língua dúplice.
Partilharás tudo com teu próximo e não dirás ser propriedade tua o que quer que seja; se sois co-herdeiros das realidades incorruptíveis, quanto mais daquilo que se corrompe.
Não serás precipitado no falar, pois a boca é um laço de morte. Tanto quanto puderes, em favor de tua alma, sê casto. Não tenhas a mão estendida para receber e, encolhida, para dar.
Ama como a pupila dos olhos todo aquele que te dirigir palavra do Senhor.
Relembra, dia e noite, o dia do juízo e procura diariamente a presença dos santos, estimulando pela palavra, exortando e meditando como salvar a alma por tua palavra ou trabalhar com tuas mãos para a remissão dos teus pecados.
Não hesites em dar nem dês murmurando; bem sabes quem é o bom remunerador da dádiva.
Guarda o que recebeste, sem tirar nem pôr. Seja-te perpetuamente odioso o Maligno.
Julgarás com justiça. Não fomentes dissídios, mas esforça-te por restituir a paz, reconciliando os contendores.
Confessa teus pecados. Não vás à oração, de má consciência. Este é o caminho da luz.
Meus amodos e amadas em Cristo, fiquem com Deus. E que pela interceção da Bem Aventurada Virgem Maria, descam sobre vós a proteçao de nosso Eterno Pai.
* Ela é tradicionalmente atribuída à Barnabé, que é mencionado nos Atos dos Apóstolos, embora alguns autores a atribuam a outro Padre Apóstólico de mesmo nome, "Barnabé de Alexandria", ou mesmo à um professor cristão anônimo. Muitos estudiosos acreditam que ela foi escrita entre os anos 70 - 131 d.C. e era endereçada aos gentios.
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